domingo, 30 de setembro de 2012

Dai-vos alento



Na tonicidade
sem tom
da manhã
desleal
levanta-se o homem
a bradar ao por-do-sol
seu afago cruel
num tom visceral

Cai no dia
alentado
sob trilhos opacos
desnivelados
que nem peão
a chorar no turbilhão
que cê é "povão"

Caixa de som alto
fevereiro solento
no calor do ermo
de areias e dunas
não deserto
pergunta ele
"tá quantos grau?"

Na armadilha da vez\
refuta o felizão
diz que adora tempo baum
e que suar é do verão

Saber do sabido
todo mundo se diz entendido
demais de quente
o trabalhador desmente
sem palavras
sem dentes
a vida fervente
com gente
amontoada
na gente

Não dá, não
"vorto pro sertão"
isso é judiação
cabra macho vem pra cá
dinheiro escasso chia
barriga de fome assovia
sobra só a pia
com água esguia
e suja


Um comentário:

  1. mas que bela poesia ! me anima saber que você continua escrevendo e aflorando esses sentimentos tão nobremente transferidos pro papel . Que este possa ser sempre seu aliado no dia-a-dia de sua vida agitada . Parabéns mais uma vez por seu dom.

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